Alergias a bijuterias

Coceira na orelha e lóbulo vermelho podem ser sinais de alergias a bijuterias. Só quem já passou por essa situação sabe o que significa. Você veste um belo look, prepara o cabelo, completa o visual com um lindo brinco e acaba tendo que retirá-lo da orelha logo após sair de casa. 

E não é só o brinco, pulseiras, colares, tornozeleiras, botões de calça e anéis também podem provocar esse tipo de reação. Por que será que isso acontece?

As alergias a bijuterias nada mais são do que uma dermatite de contato causada por algum dos componentes dos acessórios, geralmente pelo contato do níquel com a pele. Essa substância, ao ser absorvida pela células de Langerhans, que estão presentes na epiderme, estimula a atuação dos linfócitos T de memória, previamente sensibilizados pelo antígeno.

Em pessoas alérgicas, mesmo as peças feitas de ouro e prata, se compostas por pequenas quantidades de níquel, podem provocar reações. 

Ao longo deste artigo você irá entender porque as alergias a bijuterias acontecem, qual o tratamento indicado e ainda irá descobrir se é possível prevenir problemas como esse. Acompanhe.

Por que ocorrem as alergias a bijuterias?

Algumas pessoas simplesmente possuem predisposição a alergias, o que é explicado pelo relevante fator hereditário envolvido nesse tipo de reação. As alergias a bijuterias podem aparecer imediatamente após a inserção do acessório, já na primeira vez do seu uso, ou mesmo levar anos e anos para se manifestar. 

Além da constituição genética do indivíduo, outros fatores podem estar relacionados, como o ressecamento da pele, que a torna mais sensível, o tempo de contato com o material e o local onde o acessório está sendo usado. A pálpebra e a orelha são exemplos de regiões mais suscetíveis a alergias, já nessas áreas o tecido cutâneo é menos espesso. 

Como vimos anteriormente, a reação é característica de uma dermatite alérgica, onde há resposta imunológica á substância, normalmente ao níquel. 

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) estudou 1.208 pacientes e desses 33,5%, ou seja, 404 pessoas, apresentaram alergia a um ou mais dos metais das bijus com níquel, cobalto e cromo.

O problema é bastante comum e merece atenção, embora não se trate de uma condição grave.

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Fases das alergias a bijuterias

Podemos falar em três níveis de alergias a bijuterias de acordo com os sintomas apresentados, veja:

Fase aguda: vermelhidão, edema, vesículas e coceira. 

Fase sub-aguda: lesões exsudativas, devido ao rompimento das vesículas com formação de crostas.

Fase crônica: presença de liquenificação com aspecto muito seco da pele.

Como evitar a alergia a bijuterias

Para evitar as reações alérgicas a bijuteria é preciso evitar o uso de peças com níquel, pois cada vez que são utilizadas podem desencadear o aparecimento de lesões. A solução é optar por acessórios feitos com materiais alternativos. 

Sendo assim, as pessoas que possuem alergia ao níquel devem escolher acessórios que feitos com materiais que sejam de metais que não tragam risco de alergia, como prata e ouro. Uma opção são as bijuterias “nickel-free“, ou seja, aquelas que são produzidas com aço inoxidável ou alumínio, ou algum outro material capaz de substituir o níquel.

Vamos falar mais sobre isso?

A seguir apresentaremos algumas boas opções para quem sofre com alergias a bijuterias.

Semijoias 

A maioria das pessoas que sofrem com este problema recorrem a semijoias. Temos a falsa impressão de que esses são produtos antialérgicos, mas isso irá depender muito do grau e do tipo de alergia que o indivíduo apresenta. Precisamos lembrar ainda que existem outras opções alternativas disponíveis, as quais apresentaremos também mais adiante. 

De qualquer forma, as semijoias podem sim, ser uma boa escolha, elas não são tão caras quanto joias de prata e ouro, possuem excelente qualidade devido ao banho em metais nobres e claro, não podemos negar, são belíssimas. 

Normalmente essas peças não causam nenhuma reação, o que se deve ao banho em metais nobres como ouro e ródio, que raramente produzem reações. Exceto em casos onde as alergias são mais sérias, as semijoias atendem super bem e não causam problemas. 

Acessórios em Prata 925

Os brincos e demais acessórios feitos com prata 925 também são boas opções para quem sofre com alergias a bijuterias. De grandes brincos modernos, a modelinhos pequenos e delicados, as peças em prata são fascinantes. As alergias a este material são significativamente menos comuns.

Acessórios de Ouro 

Para as mulheres que sofrem com alergia no lóbulo da orelha, mas não deixam de utilizar brincos o ideal é utilizar peças mais básicas e de maior qualidade. Os acessórios em ouro são excelentes alternativas aos materiais mais populares, a principal diferença entre essas peças e as demais, bijuterias ou semijoias, é a composição.

Estamos falando aqui de peças compostas por um metal precioso, o que explica o seu preço um pouco mais elevado. A qualidade desses acessórios é expressivamente superior.

Uma das consequências disso é que o material não oxida, mantendo-se sempre puro e brilhoso. Entre os tipos de ouro comuns estão o rosé, branco, amarelo, 24 quilates e 18 quilates.

Quando se fala em joias 24 quilates, refere-se a medida de pureza desse metal. As de 18 quilates, por exemplo, representam 18 partes de ouro e 6 partes de outras ligas metálicas.

Peças nacionais

As peças nacionais possuem um banho de qualidade e ainda não provocam lesões na pele.

Além do metal, existem outros acessórios alternativos e que não utilizam o níquel, assim é possível estar na moda de qualquer forma.

Entre as opções encontradas no mercado, couro, pérolas e cordões, são ótimas alternativas, pois eles não provocam alergias.

Para as mulheres que não abrem mão dos acessórios em metal, uma opção é apostar nas pulseiras de couro que possuem detalhe metalizado, mas somente na sua parte superior ou ainda nas aplicações da parte externa, assim é possível evitar o contato com a pele e, consequentemente, a reação alérgica.

Acessórios em outros locais do corpo

Mais uma forma de evitar a alergia a bijuterias é apostar em outros tipos de acessórios. Para as mulheres que não podem utilizar qualquer tipo de bijuteria e no momento não tem condição de comprar peças mais caras, a dica são as faixas, presilhas, lenços e tiaras.

Embora não seja um substituto em si para os brincos, essas são boas formas de completar o look e dá um toque especial no visual sem ter que lidar mais tarde com os sintomas de uma alergia. 

Como tratar alergias causadas por bijuteria

O primeiro passo é não usar bijuterias na região afetada, o que não será um grande problema, já que agora você conhece ótimas alternativas para substituir essas peças. 

Contudo, se a sua pele já está lesionada, deverá tomar ainda outros cuidados para que o tecido possa se regenerar de maneira adequada. Vale lembrar que essas feridas deixam a pele mais vulnerável a infecções, o que poderia prejudicar ainda mais a situação.

Geralmente são indicados hidratantes, além de medicamentos anti-histamínicos, pomadas ou cremes com corticóides, ou a base de tacrolimus, e pimecrolimus para tratamento das alterações cutâneas provocadas pelas alergias a bijuterias. 

Em todo caso, é recomendada uma consulta com um dermatologista. O especialista é a pessoa ideal para te ajudar a descobrir o que está acontecendo, identificar a alergia e orientar quanto às medidas e cuidados necessários para controle do problema.

Cuidado redobrado com as crianças e bebês

As crianças, em especial bebês recém-nascidos precisam de uma atenção ainda mais especial quando o assunto são as alergias a bijuterias. Os pequenos possuem a pele mais sensível, por isso essas reações aparecem com facilidade. Sendo assim, a recomendação é que todos os brincos e acessórios infantis sejam antialérgicos. 

Os primeiros brinquinhos da criança devem ser regularizados pela Anvisa, deve-se optar por brincos em aço cirúrgico (esterilizado) com a tarraxinha arredondada ou brincos de ouro, que também evitam alergias.

Na hora de comprar o brinco para o bebê, peça ajuda de um profissional que entenda do assunto.

Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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