Fototerapia para vitiligo – Tratamento é útil contra doença

Quais os benefícios da fototerapia para vitiligo? O tratamento realmente é recomendado? 

O Vitiligo é uma das doenças mais antigas e mais comuns de pele, afetando aproximadamente 1-2% da população humana. A doença não mostra nenhum predomínio no plano étnico, racial ou socioeconômico dos doentes afetados.

O impacto cosmético da patologia é tremendo e seu impacto psicológico devastador, particularmente em peles morenas e escuras.

Por isso, o seu tratamento, que é dificultoso por sua  etiopatogenia desconhecida, é tão debatido.

Muitas pesquisas vem sendo realizadas em busca de melhores formas de controlar o problema e seus desdobramentos. A boa notícia é que houve uma grande evolução nas últimas décadas, com destaque para a fototerapia para vitiligo, como veremos ao longo deste artigo.

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O que é vitiligo?

O vitiligo é uma doença de pele marcada pela perda de sua coloração. As lesões são formadas por causa da diminuição da quantidade de melanóticos, células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor a pele. 

Sendo assim, o quadro é marcado por uma gradativa perda de pigmentação, que leva a formação de manchas em todo o corpo. É impossível prever a extensão da doença ou o quanto a pessoa perderá da cor da pele. Além da pele, a condição pode afetar cabelo, pelos e mucosas. 

Não se trata de uma patologia contagiosa, também não há risco a vida. Contudo, geralmente, há uma considerável perda de autoestima ocasionada pelas mudanças estéticas provocadas, o que pode ser gatilho para problemas psicológicos sérios como a depressão. 

O que causa vitiligo?

Como vimos, os pacientes que sofrem com a doença exibem manchas brancas, além de mechas brancas nos cabelos e no resto do corpo. 

A principal característica do problema é a despigmentação da pele devido à falta da melanina. O distúrbio pode se manifestar em adultos e crianças de todas as etnias. Sua lesão pode ocorrer em partes isoladas ou em todo o corpo, e é mais notável em pessoas de pele morena. 

Em todo caso, a evolução da enfermidade é imprevisível. Alguns pacientes estabilizam a condição, enquanto outros sofrem progressões mais rápidas. Sendo assim, é impossível prever a extensão da doença ou o quanto a pessoa perderá da cor da pele.

Suas causas e mecanismos de controle ainda não desconhecidos. Sabe-se apenas da sua relação com as células formadoras de melanina, os melanócitos. Normalmente, pacientes com vitiligo apresentam melanóticos disfuncionais, ou até mesmo sofrem com a morte dessas células, que são essenciais para a cor da pele, do cabelo e até mesmo dos olhos. 

Os pesquisadores ainda estão tentando explicar o motivo dessa perda de função. Ao que tudo indica, o problema tem origem autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico da pessoa ataca e destrói os melanócitos.

Um importante componente genético também já foi encontrado, bem como está comprovada uma certa interferência de fatores externos como exposição excessiva ao sol, a situações de estresse e a produtos químicos. 

Tratamento de vitiligo

Apesar de existirem diversos tratamentos, nem sempre é possível uma cura. Ainda assim, graças ao controle da doença, é possível voltar à pigmentação original da pele em alguns casos.

Os cremes contendo corticoides são recomendados. Contudo, como todo medicamento, podem apresentar efeitos colaterais, por isso é importante manter a supervisão de um dermatologista. Os corticosteroides desempenham um papel importante no sistema imunológico, especificamente como imunossupressor.

Como vimos, nas pessoas com vitiligo, o sistema imune ataca os melanócitos, responsáveis por gerar a melanina, substância que dá a cor da pele. Os esteroides podem impedir este ataque do sistema imunológico através do bloqueio das células desse sistema. Uma vez que esses ataques param, o número de melanócitos deixa de diminuir, e as manchas de vitiligo não crescem.

Outra forma de cuidado é utilizar cremes de imunomoduladores tópicos (Protopic / Elidel). Esse medicamento pode garantir bons resultados e ainda tem menos efeitos colaterais que os corticoides.

Neste caso, as áreas expostas podem ter melhor resultado que as cobertas. Estudos publicados em revistas científicas de Dermatologia vêm apontando os benefícios do tratamento.

O  mecanismo primário de ação dessa droga para o tratamento de vitiligo envolve inibição da calcineurina (inibidores de calcineurina são drogas que foram desenvolvidas principalmente para uso em medicina de transplante), o que leva a downregulation de reatividade de células T antígeno-específicas e interrupção da transcrição de genes para uma gama de citocinas pró-inflamatórias importantes na fisiopatologia da resposta imune inicial.

Entre as opções cirúrgicas, o micro enxerto, um método cirúrgico que é feito com a transferência cirúrgica de pequenos fragmentos de pele para as áreas de vitiligo, é o mais comum. Porém, esse tratamento só é indicado para os pacientes que sofrem de lesões estáveis e pequenas.

E a fototerapia para vitiligo? Funciona? Quais são os benefícios?

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Fototerapia para vitiligo

Hoje em dia a fototerapia é uma opção para quem sofre com vitiligo. Este tipo de tratamento utiliza um aparelho que emite raios ultravioletas na pele, sendo possível tratar a diminuição da pigmentação da pele e obter uma melhora considerável da condição, o que impacta positivamente na qualidade de vida dos doentes.

O objetivo do tratamento é estacionar a progressão do quadro e ainda estimular a repigmentação das áreas afetadas. A sua eficácia já está comprovada por meio de vários estudos, que demonstram sua importante capacidade de intervenção não só em casos de vitiligo como em outras doenças de pele. 

Por isso, a fototerapia  já é conhecida e estabelecida para o vitiligo, sendo realizada em diversos países.

O tempo de permanência, o número de sessões e a intensidade dos raios varia de paciente para paciente. No geral, as sessões precisam ser feitas diariamente e durante várias semanas. 

Para que seja eficaz, é importante que o tratamento seja feito com a supervisão do dermatologista. Em alguns casos pode ter efeitos colaterais e não é indicado para menores de 12 anos.

Com a evolução do conhecimento científico, a fototerapia se torna cada vez mais segura, em especial devido ao surgimento dos equipamentos que emitem UVB de banda estreita, hoje a melhor escolha quando o assunto é fototerapia para vitiligo. 

O método PUVA também é uma forma de fototerapia que utiliza medicação estimulante da repigmentação por meio da via oral e possui associação com banhos de luz ultravioleta tipo A.

Neste caso, a sessão é feita duas vezes por semana. Porém,  o tratamento só pode ser praticado por clínicas especializadas, e sob supervisão do dermatologista, para evitar efeitos colaterais.

Quando começar a fototerapia

Apenas o seu médico poderá te dar essa orientação, mas no geral, quanto mais cedo melhor, afinal, maiores são as suas chances de recuperar e resguardar a pigmentação da pele. 

Sendo assim, a recomendação é: fique de olho nos sintomas!

A principal manifestação clínica do vitiligo é o aparecimento de manchas brancas na pele. Elas aparecem dos dois lados do corpo, primeiro nas extremidades, mãos, pés, nariz e boca. 

Se você tem casos da doença na família deve ter atenção redobrada. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em cerca de 30% dos casos há um histórico familiar da doença. As consultas periódicas são essenciais nesse sentido, pois facilitam o diagnóstico precoce. 

Sem dúvidas, a fototerapia é hoje em dia uma das principais formas de tratamento do vitiligo, sendo um método muito seguro. 

Diante de qualquer sintoma, procure um dermatologista de confiança. E em caso de diagnóstico, converse com o seu médico para saber mais sobre a fototerapia para vitiligo. 

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica Especialista em Dermatologia pela SBD. Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica - Principles and Practice of Clinical Research - Harvard Medical School (EUA).

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